terça-feira, 22 de março de 2016

A História se faz e Precisa de Nós!



Neyl Santos*

O tempo não é dos mais fáceis, longe disto, a conjuntura sociopolítica de nosso país é fortemente adversa para qualquer tipo de intervenção minimamente politizada. Nas ruas, escolas, nas instituições, os xingamentos e outros tipos de agressões ganham relevância em detrimento do debate respeitando as diferenças. No Congresso, uma maioria momentânea surfa na onda de conservadorismo reacionarismo, para impedir que o Executivo tome qualquer medida para retirar o país da estagnação, e ao mesmo tempo, impõe uma pauta conservadora reacionária que ameaça direitos conquistados não só nos últimos treze anos, mas desde a redemocratização do Brasil. É exatamente em meio a tudo isso, que o papel da Pastoral da Juventude do Meio Popular, bem como de instituições historicamente comprometidas com os mais pobres de nosso país é ressaltado.
“Ai de mim se eu não disser, a verdade que ouvi, ai de mim se eu me calar, quando Deus me mandar falar!”
Na atual quadra histórica, a juventude brasileira parece ter retomado a importância política que outrora foi sua principal característica. Em todo o país várias foram as lutas acampadas por essa parcela da sociedade nos últimos anos. Fora assim desde a luta contra o aumento das passagens e pela qualidade no transporte público em São Paulo em 2013 até os movimentos de resistência e ocupação contra o fechamento de escolas proposto em São Paulo e em Goiás mais recentemente. Infelizmente nem toda intervenção política da juventude neste período foi no sentido cobrar e promover avanços para a população.

Antes de todo esse reboliço, a leitura que muitos de nós fazíamos da juventude era baseada na celebre frase de Ernesto ‘Che’ Guevara, “Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”, no entanto, essa sentença quando trazida para a nossa sociedade capitalista dividida em classes, perde seu sentido quase que por completo. A juventude é parcela da população que perpassa todos os demais grupos. Há jovens pobres e ricos, brancos, pretos e amarelos, gays e homofobicos, feministas e machistas, há jovens de todas as culturas e de todos os credos. Talvez a falta de articulação das juventudes conservadora e reacionária ou em última análise, a pequena inserção destas nos espaços de disputa política, colocou os grupos de esquerdas numa zona de conforto. Assim, ao menos na pratica, todo movimento de juventude era de esquerda, era pra frente, era numa primeira análise, revolucionário.

Acontece que por motivos que precisam ser melhor estudados pelas ciências sociais, parcelas de direita e extrema direita começaram a se organizar nos últimos anos. Mais precisamente (e curiosamente) em 2013, depois dos jovens do Movimento Passe Livre serem violentamente reprimidos pelo governo de São Paulo, uma comoção social foi forjada, e aparentemente sem motivos mais relevantes, resolveram ir pras ruas, e com todo o aparato midiático não só foram como se tornaram protagonistas. Incentivados pela oposição de direita, e em muitos momentos, por setores da oposição de esquerda ao governo federal (com leitura errada, ainda baseada na frase de Che), os movimentos se intensificaram. Criaram redes, grupos, perderam a vergonha de defender publicamente bandeiras como a intervenção militar. Criaram referencias, surgiram lideranças, ocuparam espaços. E em todos esses movimentos um setor da direita e da extrema direita se destaca: a juventude.

Essa onda foi de forma irresponsável estimulada durante o processo eleitoral de 2014, e de lá pra cá, com a derrota da direita nas urnas para o executivo federal, mas com a sua vitória na formação do congresso, tem sido fermentada e instrumentalizada para legitimar um processo de inviabilização do governo. O problema é que assim como a obra de Mary Shelley, o monstro ficou maior que seu criador, culminando na expulsão dos principais líderes tucanos do protesto de 13 de março (de 2016).

Esse processo todo fez com que uma das principais bandeiras da PJMP, o protagonismo juvenil, fosse finalmente visto no Brasil. Quem pensou que um dos principais canais de comunicação do país teria como colunista político um jovem de 19 anos? O problema, ao menos para aqueles que historicamente constroem a luta popular, é que tal protagonismo não está a serviço dos avanços sociais dos quais tanto carece o Brasil, muito menos da criação e efetivação de políticas públicas para as mais diversas juventudes brasileiras, mas tão somente, a serviço da manutenção do status quo, se não da implementação de políticas que piorem ainda mais a vida do povo mais sofrido para garantir o nível de vida daqueles que efetivamente mandam no país.

A impressão é que não nos cabe outra alternativa condizente com nossa história, que não a politização do debate sem perder de vista o desenvolvimento da luta de classes em nosso contexto (a esse respeito ler “Dilemas da atual lutas de classes” de Wladimir Pomar publicado em >>  http://www.pagina13.org.br/wladimir-pomar/dilemas-da-atual-luta-de-classes/ ).

Precisamos ocupar os campos, cidades e vilas. Caatingas, fabricas e vilas. Precisamos mais do que nunca não nos distanciar de nosso povo, ao qual pertencemos e somos parte integrante. Continuar nossa tarefa missionária de revelar a mensagem libertadora do evangelho de Jesus Cristo, e assim, necessariamente interferir na formação da opinião pública, em favor da defesa de bandeiras que de fato, melhorem suas condições de vida. Promovendo dignidade e diminuindo distancias.

Há braços irmãos, há braços companheiros!

*Neyl Santos é jovem militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular, acadêmico de Direito pela Faculdade Salesiana do Nordeste e secretário do Conselho de Moradores da Vila Nossa Senhora da Conceição em Recife-PE.


PJMP Arquidiocese de Olinda e Recife Web Developer

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